quinta-feira, 26 de julho de 2007

Venezia mascherata

Settecento. Hora do almoço. Piazza San Marco. Leões alados. Venezianos e mercadores de todo canto apinham-se para um trago em torno das barracas de vinho. Um aperitivo antes do risi e bisi, o arroz com ervilhas que tanto encantava os poderosos doges. As boticas móveis (e seus fregueses) fogem do sol à procura da sombra projetada pelos 98 metros do Campanile. É ponto de honra dos comerciantes servir o vinho branco da região sempre fresco. Três séculos depois, os brancos bem frios ainda fazem bonito em bares e restaurantes da Serenissima. Os vinhos do Friuli e o clássico Soave do próprio Veneto são capazes de apaziguar os turistas, um tanto ávidos no registro agora digital da arquitetura dos palazzi e dos mascarados do Carnaval. Fernanda de Camargo-Moro, historiadora e arqueóloga das tradições enogastrônomicas de Veneza, explica a trajetória da sombra. O chamado "andiamo a bever all'ombra" logo se se transformou em "andiamo a bever un'ombra", até que "ombra" passou a batizar o copo usado nesse trago. (Veneza, o encontro do Oriente com o Ocidente/ Editora Record). A piazza San Marco sempre foi canal agitado da vida pública e religiosa da cidade. E palco central de um Carnaval que igualava nobres e comuns. A capa preta e o chapéu de três pontas, de onde pendia um véu a embaçar ainda mais a máscara branca, de perfil agudo, eram passaporte da liberalização dos costumes. Casanovas travestidos de pierrô dançavam muito mais do que um minuetto.

http://www.ilsoave.com/it/home/

http://www.veniceguide.net/

DC 24/2/2006

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