segunda-feira, 30 de julho de 2007

O nariz de Robert Parker

O nariz de Robert M. Parker Jr. termina o ano chamuscado. O maior crítico de vinhos do mundo, um ex-advogado americano de Maryland que há um quarto de século degusta e dá notas de 50 a 100 para vintages de todos os cantos, moldando o rumo do próprio mercado, tem enfrentado os mais duros golpes contra seu sistema de classificação. Na mais recente biografia de Parker (O imperador do Vinho, Editora Câmpus), Elin McCoy já tratava da "tirania do paladar único". O lamento tem sua razão: muitos vitivinicultores franceses, italianos e californianos calibram seus produtos para conseguir boas notas de Parker. Isso inclui, por exemplo, bebidas muito frutadas e com alto teor alcoólico. O tiroteio entre Parker e jornalistas, principalmente ingleses, não pára. E ganhou os blogs. Parker ficou uma fera com Jancis Robinson, que tratou o Château Pavie 2003 (St. Émilion) como "vinho ridículo". O dono do nariz com seguro de um milhão de dólares, que degusta cerca de 10 mil vinhos por ano para a revista The Wine Advocate, amante dos vinhos franceses, condecorado por Jacques Chirac, escritor de vários livros e guias, e que agora dispõe suas notas até via telefone celular, tinha considerado o Château Pavie 2003 um brilhante esforço dos produtores. Até o renomado escritor britânico Hugh Johnson condenou essa hegemonia do gosto. E o debate já alcançou as páginas do New York Times, sob a pena do crítico Eric Asimov. Em sua coluna e no blog The Pour, Asimov tem advogado contra a invasão dos vinhos "monocromáticos" e o fim da salutar diversidade.

http://www.erobertparker.com/info/legend.asp

http://en.wikipedia.org/wiki/Wine_Parkerization

DC 27/10/2006

Nenhum comentário: