segunda-feira, 30 de julho de 2007

Papas, questões terrenas

Os papas de Avignon, que durante 70 anos, no século XIV, dirigiram a Igreja Católica não de Roma, mas a partir de uma região de vinhedos no sudeste da França, tiveram de administrar uma poderosa oposição à "intrusão religiosa nas questões terrenas", como anotou o historiador americano Marvin Perry. Debates e cismas religiosos de lado, em pelo menos um ponto a ingerência eclesiástica em assuntos temporais rendeu bons frutos: Châteauneuf-du-Pape é até hoje uma das apelações mais importantes do Vale do Rhône. Nomeado papa em 1305, o francês Clemente V, arcebispo de Bordeaux, transferiu em 1309 a sede do papado para Avignon. Apreciava vinhos da Borgonha, mas não deixou de aumentar a área plantada ao norte, em Châteauneuf. O sucessor João XXII colheu os frutos desses vinhedos de solo pedregoso, celebrou a bebida como "vin du pape" e construiu ali um castelo de verão, logo Châteauneuf-du-pape (ruínas do château, destruído em 1944, ainda podem ser vistas). O Châteauneuf-du-pape nunca foi vinho para amadores. Eric Asimov, crítico do New York Times, ressalta esse caráter, apontando para uma rusticidade intensa, resultado de blends dominados hoje pelas uvas Grenache, Mourvèdre e Syrah, apesar de a lei francesa permitir a combinação de até 13 varietais.

http://www.chateauneuf.com/english/index.html

http://www.terroirs-france.com/region/rhone_chateauneuf.htm

DC 20/4/2007

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