segunda-feira, 30 de julho de 2007

A heresia dos chips

Uma prática pouco ortodoxa deixa os mestres barriqueiros franceses de cabelo em pé. Isso sem falar no desgosto que provoca nos enófilos puristas. Vinicultores da Austrália e de outros países do Novo Mundo têm substituído a guarda dos vinhos em tonéis de carvalho, amadeirando-os com chips – lascas da nobre madeira misturadas nos tanques de fermentação. Há vinícolas apelando até para receitas com carvalho em pó. Outras não titubeiam em retostar a barrica, na tentativa de reavivar suas qualidades e garantir-lhe uma sobrevida. Os produtores de Bordeaux e de toda a França torcem o nariz, acham isso tudo uma heresia. E discorrem sobre a ciência do carvalho na estabilização dos taninos e os amargores decorrentes de uma madeira de baixa qualidade. Os heterodoxos argumentam: fogem do alto custo da barrica – uma padrão não sai da tonnellerie por menos de 800 euros. Os tonéis são fabricados há séculos por uma estirpe de artesãos como recipientes de guarda e transporte do vinho. A procura pela bebida com toques de madeira é mais recente, tem três décadas, o que transformou o barril em peça estratégica dos enólogos. Estes é que dominam a alquimia da maturação, escolhendo a dedo natureza e idade dos tonéis. Há até mesmo aqueles que não dispensam barris novos a cada safra. Disputam o mercado barricas americanas e francesas, estas trabalhadas com árvores plantadas para a indústria naval na época de Napoleão Bonaparte.

http://www.thewinedoctor.com/advisory/technicaloak.shtml

http://www.francoisfreres.com/

DC 24/11/2006

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