segunda-feira, 30 de julho de 2007

Anatomia da Phylloxera

Aspersão de água benta do santuário de Lourdes sobre os vinhedos, procissões entre as vinhas, poderosas injeções de veneno no solo, cordões de plantas malcheirosas para afastar a praga, pulverização com cinzas de Pompéia, retirada de raízes com geringonças medievais, fogueiras... Os vitivinicultores franceses se valeram de todas as "soluções" (ou as elocubraram) para salvar seus vinhedos a partir da segunda metade do século XIX, quando viram suas plantas, inicialmente no Médoc e Borgonha e depois no país inteiro, literalmente mirrar. Foram décadas de luta, depois do alerta: os vilões eram microscópicos pulgões amarelos, de hábitos misteriosos, "especializados" em atacar as raízes das videiras. Os botânicos penaram para encontrar respostas na mesma velocidade com que os bichinhos passaram a maltratar o orgulho francês e rapidamente vinhedos de toda a Europa. A batalha dos cientistas contra a Phylloxera Vastatrix é mostrada de um ângulo inédito em The Botanist and the Vitner – How wine was saved for the world (Algonquin Books of Chapel Hill, 2005), do jornalista inglês Christy Campbell. Uma pesquisa nos jornais de época traz à cena vozes exaltadas, heterodoxas e até mesmo ponderadas dos protagonistas dessa história, com destaque para o grito dos cientistas. O botânico Jules Planchon, que hoje tem até estátua em Montpellier, era da turma que entendeu que a Phylloxera viajou "a bordo" de mudas americanas, de Nova York para a França, endereçada a um comerciante de vinhos que as plantou. E tentou mostrar como a vinha que trouxe o inimigo poderia salvar os vinhedos europeus.

http://berrygrape.oregonstate.edu/fruitgrowing/grapes/phybiol.htm

http://www.arlindo-correia.com/060904.html

DC 30/6/2006

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