segunda-feira, 30 de julho de 2007

Tokay operístico

O libretista italiano Lorenzo Da Ponte (1749-1838) escreveu as duas primeiras cenas de Don Giovanni, de Mozart, na companhia de uma garrafa de vinho Tokay, um saquinho de tabaco de Sevilha, chocolate, biscoitos e um sininho para chamar a jovem empregada da casa, de 16 anos, sua musa. Era 1787, Mozart precisava trabalhar numa ópera a ser encenada em Praga e chamou Da Ponte para ajudá-lo. Com vida de peripécias como as de seus personagens, amigo de Casanova, fugido de sua Venezia para Viena, Da Ponte escreveu Don Giovanni simultaneamente com outros dois libretos, para Martín i Soler (L’Arbore di Diana) e Salieri (Tarare). Tudo em dois meses. Viva as doçuras da musa e do Tokay! Em setembro daquele ano, Da Ponte e Mozart entravam em Praga para preparar a estréia da ópera, cuja partitura seria terminada às vésperas da apresentação, em 29 de outubro. Da Ponte descreveu seu ambiente de trabalho em Memórias, livro preparado décadas depois, já em Nova York. Tokay é uma das 22 regiões vinícolas da Hungria, no Nordeste do país, e seus vinhedos são reconhecidos como especiais desde 1770. O elixir que encantava a nobreza européia recebeu de Luís XIV o veredicto: "o vinho dos reis, o rei dos vinhos". Elaborado principalmente com uvas Furmint e Hárslevelü, o Tokay é fruto da podridão nobre, como o Sauternes. O microclima entra na ação com dois rios convergentes e o fog que recobre a área no outono e no inverno. Atacadas pela Botrytis, as uvas apodrecem e há uma especial concentração de açúcar, responsável por sua sofisticação. Até hoje, sob a "terra benedicta" do Tokay, quilométricas adegas guardam preciosidades húngaras.

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DC 2/2/2007

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