segunda-feira, 30 de julho de 2007

Brett do bem, Brett do mal

Numa das divertidas passagens do livro O connaisseur acidental (Editora Intrínseca, 2004), o escritor Lawrence Osborne descreve como foi apresentado à Brettanomyces, a famosa levedura de nome complicado que agita o mundo dos produtores de vinho. Em visita ao baixo Ródano, uma das regiões vinícolas mais importantes da França, Osborne foi bater no restaurante Le Verger des Papes, em área do Châteauneuf-du-Pape. Enoanalfabeto, depois de se atrapalhar todo com a carta local, Osborne pediu um Beaucastel, o mais caro da lista. Ao dividir a degustação com o garçom, foi alertado:" Não sente um gostinho de titica de galinha?". Espanto! A Brettanomyces, "doença" de vinho tinto, é responsável por aromas que vão dos medicinais band-aids, passando pelo cheiro de animal e couro molhados, suor de cavalo e ... galinheiro, sim. Por trás desse espetáculo de odores estão os fenóis e os ácidos gordurosos voláteis. Há enófilo que não tolera tanto "estábulo" na taça e faz campanha pela erradicação dos "defeitos" provocados pela Brettanomyces. Mas a levedura tem morada na maioria das vinícolas e quase sempre está presente no complexo ciclo microbiológico da fermentação. Cientistas e produtores discutem é em que medida a presença de brett pode ser tolerada ou pode destruir uma safra. O Beaucastel é reconhecido como um dos melhores vinhos do mundo justamente porque os níveis de brett lhe conferem.

http://www.wynboer.co.za/recentarticles/200602bretta.php3

http://www.makewine.com/makewine/brett.html

DC 26/1/2007

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