segunda-feira, 30 de julho de 2007

O agora de Kháyyám

Procura ser feliz ainda hoje, pois não sabes o que te reserva o dia de amanhã. /Toma uma urna cheia de vinho, senta-te ao clarão do luar e monologa: 'Talvez amanhã a lua me procure em vão'. O astrônomo, matemático e poeta persa Omar Kháyyhám (século 11), célebre pelos quartetos que colocam o vinho a serviço da fruição imediata da vida (em contraponto à sua realidade trágica e efêmera), é conhecido no Ocidente como o "poeta do vinho". Isso se deve muito a Edward Fitzgerald (1809-1883), que traduziu e publicou 75 quadras em 1859. Exilando-se no Rubáiyát de Kháyyám para fugir de um casamento fracassado, conseguiu transformá-lo num best-seller, o maior da história da poesia inglesa, libelo "contra a afetação moralista" da era vitoriana, obra com centenas de traduções em todo o mundo. No Brasil, a versão de Fitzgerald encontrou restrições. Tanto Octávio Tarquínio de Sousa, em tradução de 1928, quanto o poeta Manuel Bandeira, nos anos 60, preferiram partir da versão francesa de Franz Toussaint. Bandeira criticava em Fitzgerald o "abandono" do original. Nas sucessivas edições do Rubáiyát de Tarquínio (são dele os quartetos desta página) há um democrático debate entre tradutor, que defende o agnosticismo de Kháyyám (desnudou a "precariedade do destino humano") e Alceu Amoroso Lima (Tristão de Athayde), pensador católico, que diz que Omar não fez mais do que repetir a filosofia do Eclesíastes. Kháyyám!/ Não te aflijas por seres um grande pecador!/ É inútil a tua tristeza./ Depois da Morte, virá o Nada ou a Misericórdia.

http://iranian.com/Features/2000/January/Khayyam/index.html

http://www.alfredo-braga.pro.br/poesia/rubaiyat.html

DC 22/9/2006

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