segunda-feira, 30 de julho de 2007

Os verdes de Eça

O vinho verde é mesmo "algo atrevido". Quem diz isso são os portugueses, orgulhosos da bebida produzida na região demarcada do Minho, noroeste do país. O atrevimento creditado ao vinho verde tem como fonte a marcante acidez e a sensação especial que o gás restante da fermentação provoca na boca. "É um dos poucos vinhos do mundo para o qual há um mínimo de acidez imposto por lei", lembra o escritor e negociante de vinhos Gerald Asher, em Vineyard Tales (Chronicle Books, San Francisco, 1996). "É todo alma!", exclama um dos personagens de Eça de Queiroz (1845-1900). Maior prosador realista que a literatura portuguesa já produziu, Eça construía seus personagens com o espírito da gastronomia, dos vinhos e da paisagem de Portugal. Em As Cidades e as Serras, o vinho de Tormes, o mesmo hoje produzido e comercializado pela Fundação Eça de Queiroz, é motivo de celebração. "(...) fresco, esperto, seivoso, (...) entrando muito mais na alma que muito poema ou livro santo." Em carta a Ramalho Ortigã (1873), o escritor confessava sua nostalgia da geografia e mesa minhotas. " (...) constantemente penso nas belas estradas do Minho, nas aladeotas brancas e frias - frias! - no bom vinho verde que eleva a alma, nos castanheiros cheios de pássaros (...)". Os vinhos verdes, que devem o adjetivo à sua jovialidade, é produzido com castas típicas. No caso das brancas, lista-se: Loureiro, Pedernã, Trajadura, Avesso, Azal Branco e a Alvarinho. O vinho "algo atrevido", de cor citrina, que deve ser bem servido em temperaturas entre 8 e 10 graus, é indicado para acompanhar, frutos do mar, peixes e o bacalhau.

http://www.feq.pt/

http://www.instituto-camoes.pt/revista/tormes.htm

http://www.viajarcom.org/ecaqueiros/temas.htm#

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