segunda-feira, 30 de julho de 2007

Uma girafa no Vale do Rhône

A França toda parou, em 1827, para receber a estranha criatura, uma girafa enviada de presente ao rei Carlos X pelo vice-rei otomano do Egito, Muhammad Ali – caravana que cruzou importantes vinhedos, causou furor entre agricultores do Vale do Rhône, até terminar ditando moda em Paris, com moças penteadas à la giraffe. Os historiadores dizem que o mimo era para ver a França neutra na guerra dos turcos contra a Grécia, que lutava pela independência. O navio vindo da África aportou em Marselha em 1826. Passado o inverno, foram mais 550 milhas nas quatro longas patas, de maio a junho de 1827, até Paris. Era a primeira girafa em solo francês, depois de uma odisséia na África: do Sudão até Alexandria, cruzando o Nilo, depois o Mediterrâneo, até a Sicília e a França. Essa história é narrada com brilho em Zarafa (Walker and Company/NY, 1998), de Michael Allin. Numa das escalas, em Messina, a embarcação que transportava o bicho teve de ficar ancorada longe do porto, medida sanitária em época de epidemias. Só a cabeça da Zarafa ficava para fora e muitos a viam como um "camelopardo". Cheios de curiosidade, pequenos comerciantes levavam aos passageiros frutas, gulodices e vinhos da ilha. As moedas eram jogadas numa vasilha com água e vinagre. Que vinhos seriam esses? As cepas para tinto mais apreciadas ali são a Nero d'Avola, Sangiovese e Gaglioppo. Mas poderia ser vinho das ilhotas vulcânicas vizinhas, como o Malvasia di Lipari. Homens de Micenas introduziram a viticultura na área de Messina no século XVI a. C., prática desenvolvida pelos fenícios.


http://www.sicilyweb.com/english/articles/wine1.htm

http://www.arlea.fr/spip.php?article678

DC 25/5/2007

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