quinta-feira, 24 de maio de 2012

Ensaios do melhor "enógrafo"

Os ensaios sobre vinhos escritos pelo romancista americano Jay McInerney têm informações precisas, dados culturais relevantes, boa dose de serviço sobre vinhos, mas são, antes de tudo, literatura. Talvez por isso, "o último Fitzgeraldiano", autor do best-seller Bright Lights, Big City, baseado em Manhattan, seja considerado também o melhor "wine writer" dos Estados Unidos. Seus primeiros textos sobre vinhos apareceram na revista House & Garden (Condé Nast), em 1999, desafiando os esnobes de plantão com "um jornalismo gonzo", como definiu a crítica do The Guardian. Hoje assina no The Wall Street Journal, sem perder verve e estilo. Quem teria a ousadia de comparar vinhos e prestar tributos de maneira urbana e automobilística como esta: "Se Dom Pérignon é o Porsche 911 Carrera do mundo do vinho, então Dom Pérignon Rosé é o 911 Turbo". Ou: "Se o Domaine Romanée-Conti é a Ferrari de Borgonha, Jadot é a Mercedes". Arriscaria dizer que McInerney é o Anthony Bourdain da crítica de vinhos por sua irreverência e seu trato muitas vezes politicamente incorreto. O chef e escritor Bourdain virou celebridade ao expor o barbarismo dos bastidores dos restaurantes, resumido num alerta: "Nunca coma peixe na segunda-feira". De McInerney temos: "Não tome vinhos em eventos de caridade". O vinho em McInerney não é uma entidade em redoma de vidro: há sempre personagens e suas circunstâncias. É isso que lemos também na sua terceira coletânea de artigos The Juice - Vinous Veritas (antes publicara Bacchus & Me: Adventures in the Wine Cellar, em 2000, e A Hedonist in the Cellar: Adventures in Wine, em 2006). É preciso revelar que Jay McInerney passou a levar seu próprio vinho nos jantares anuais em prol dos portadores de Mal de Alzheimer. DC de 25/05/2012

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