terça-feira, 1 de maio de 2012

A corrupção de bebeu na Lei Seca

Depois de uma infinidade de estudos e obras acadêmicas sobre a Lei Seca nos Estados Unidos (1920-1933), eis que um documentário é rodado para ampliar e dar novo foco à discussão. Prohibition, de 5 horas e meia de duração, tem a assinatura de dois reconhecidos diretores, Ken Burns e Lynn Novick, e já foi ao ar no início do mês, em três dias seguidos, nos canais PBS. A série de depoimentos faz uma ligação senão inédita, pelo menos bastante segura entre a história da Lei Seca e a corrupção contemporânea. As forças que criaram e se opuseram ao "desastroso experimento" americano são muito mais complexas do que se pensa. Afinal, esse período da história americana foi feito não só de grandes delitos, capitaneados por Al Capone ou Lucky Luciano, ou pelos mascarados da Klu Klux Kan que não titubearam em queimar "desobedientes" vendedores de álcool, ou pelos políticos corruptos e subornáveis em toda parte... Na verdade, foi burlada por dezenas e dezenas de pequenos comerciantes e produtores de vinhos e bebidas, americanos ou imigrantes, muitos deles inicialmente favoráveis aos movimentos de temperança, mas que, da noite para o dia, se sentiram atingidos pelos braços draconianos da Lei. A luta contra o alcoolismo, um dos males da sociedade americana do século 19, foi de certo modo sequestrada, e ficou muito distante de suas intenções iniciais, explica Ken Burns. Prohibition explora os problemas nascidos na América pré-industrial, com as bebedeiras públicas, os abusos domésticos e a pobreza. Mostra ainda como a chegada dos imigrantes, entre eles os primeiros puritanos desembarcados em Massachusetts – colocaram mais lenha na fogueira, com seus hábitos e costumes relacionados à bebida. Os saloons fizeram sua parte. Por isso esse período teve de conviver com uma "mistura espantosa de generosidade e ganância (os vinhos fermentados para consumo em família e missas e aqueles misturados com química explosiva da Jamaica e que acabavam com o sistema neurológico de suas vítimas), sinceridade e hipocrisia, lascívia e puritanismo". DC de 11/out/2011

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