terça-feira, 1 de maio de 2012

As garrafas e os dias de Gerald Asher

Nenhuma das tendências do mundo do vinho dos últimos 40 anos passaram despercebidas pelo olhar crítico do escritor inglês Gerald Asher. É por isso que o lançamento de seu mais recente livro, A Carafe of Red (University of California Press/2012), está sendo comemorado entre os apreciadores de vinho em todo mundo. Os textos elegantes e antecipadores de A Carafe of Red foram publicados ao longo de sua carreira, principalmente na celebrada coluna Wine Journal, que manteve na revista Gourmet. Reunidos agora, juntamente com alguns ensaios de muita erudição, compõem um panorama dessa indústria que não dispensa emoções. Mesmo resistentes ao tempo, os textos foram devidamente atualizados. Asher, que nos anos 60 importava vinhos para sua Londres natal, continua na ativa, agora como colaborador das revistas Decanter e da The World of Fine Wine. "Lendo seus artigos, constatamos que pouca coisa é realmente nova no mundo do vinho", escreveu Don Winkler no blog i-winereview, querendo dizer que Asher foi pioneiro no registro acurado e na crítica de certas práticas atuais como, por exemplo, a do vinho biodinâmico, a do barricamento excessivo empreendido por algumas vinícolas e os exageros dos jargões e da cruzada xiíta dos harmonizadores. O mais cativante nos textos de Asher, entretanto, é a maneira com que o vinho circunstancial abraça a perspectiva histórica. Como ele escreve: "A memória que alguém tem de um vinho raramente é um abstração de aroma e sabor. Quase sempre ele parece refletir tão bem um certo contexto que mais tarde nunca temos certeza se lembramos das circunstâncias por causa do vinho ou do vinho por causa das circunstâncias" em que foi apreciado. DC de 10/fev/2012

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