terça-feira, 1 de maio de 2012

Carta aberta de Ciro Lilla

O importador de vinhos Ciro de Campos Lilla divulgou nesta semana uma carta aberta alertando que "o mundo do vinho no Brasil vive momentos decisivos". Pede reação dos entusiastas da bebida às pressões de produtores gaúchos sobre o governo, que pode adotar medidas protecionistas como novo aumento de impostos sobre os importados e cotas limitadoras de importação. Ciro Lilla, mais do que um negociante de vinhos, presidente das importadoras Mistral e Vinci, é um animador cultural de respeito. Abriu para o paladar do brasileiro uma nova paleta de vinhos de várias regiões do mundo, organiza degustações e eventos enogastronômicos exemplares e é, induscutivelmente, anfitrião impecável dos inúmeros vitivinicultores internacionais que vêm ao Brasil trazer muito mais que garrafas, conhecimento. A indignação de Ciro Lila começa pela carga tributária. Os produtores nacionais pediram ao governo um aumento de 27% para 55% no imposto de importação. Também querem limitar a importação pelo estabelecimento de cotas para a importação de cada país. Ficariam livres apenas os vinhos argentinos e uruguaios. "Incrível: cotas de importação para proteger ainda mais um setor, o de vinhos finos nacionais, que cresceu cerca de 7% em 2011 — ou seja, nada menos do que quase o triplo do crescimento do PIB brasileiro!", escreve. "Sem contar que "de cada 5 garrafas de vinho consumidas no Brasil, entre vinhos finos, espumantes e vinhos comuns (produzidos com uvas de mesa), nada menos do que quase 4 (77.4%) já são de vinhos brasileiros!" E tem burocracia atrapalhando o consumo: "nem bem foi implantado o malfadado selo fiscal e já se pede agora que o rótulo principal do vinho, o rótulo frontal, contenha algumas das informações que hoje já constam dos contra-rótulos obrigatórios". Segundo Lila, "é importante que se compreenda o quanto antes que o vinho não é uma commodity, onde o único fator a influenciar a compra é o preço. Vinho é cultura, é diversidade, é terroir, é arte. É como o mercado de livros: o brasileiro lê pouco, assim como bebe pouco vinho. E dificultar a venda de livros de autores estrangeiros não apenas não serviria para aumentar a venda de livros de autores brasileiros, como certamente inibiria ainda mais o hábito da leitura. O mesmo ocorre com os vinhos. É uma ilusão achar que encarecendo o vinho importado o consumidor vai substituí-lo automaticamente pelo vinho nacional". Veja a íntegra da carta no site da Mistral (www.mistral.com.br)

Nenhum comentário: