terça-feira, 1 de maio de 2012

Les Vignerons de Cartago

O ampelógrafo tunisiano Fethi Askri, um especialista da viticultura do seu país, bufa como um francês quando se atribui aos romanos os ensinamentos fundamentais do cultivo dos vinhedos e da elaboração de vinhos no Magreb. Afinal, os fenícios levaram as vinhas para Cartago há 3.500 anos, portanto bem antes da chegada dos romanos e de Catão. Askri conta que quando estes saqueram Cartago, em 146 a.C., "queimaram esplêndidas bibliotecas, mas tomaram cuidado para traduzir o Tratado de Agronomia de Magon", escrito que inspirou posteriormente o manejo das parreiras que os romanos plantaram em cada canto do seu Império. Magon, cartaginês guru da viticultura tunisiana, não à toa é homenageado no rótulo de vinhos tintos produzidos ali. Domaine Magon, em Mornag, com instalações novas e imaculadas, é uma vinícola que espelha bem a revolução silenciosa que vem ocorrendo nessa indústria de vinhos. Trata-se de uma espécie de joint-venture feita com alemães (na base de 66%/34%), com aprimoramento da qualidade de todo processo. O Magon Majus (2005) ganhou uma medalha de ouro na Alemanha, em 2010. Vencer a herança "seca" da presença muçulmana é tarefa também de outro vinho de sucesso, o Muscat Sec de Kelibia, leve e aromático, "charmoso acompanhante para peixes". Os vinhedos de Muscat estão plantados praticamente na praia, na vizinhança da cartaginesa Kerkouane (séc. V a.C.), à nordeste de Túnis. Hoje a união de viticultores locais (UCCV) é responsável por 65% dos vinhos tunisianos, com destaque para a aposta nesses vins de cépage. PS1: Indispensável para um panorama da viticultura no continente africano é a leitura do livro Africa Uncorked - Travel in Extreme Wine Territory (The Wine Appreciation Guild/2002), dos escritores aventureiros John e Erica Platter. PS2: Escolhidas garrafas de vinhos tunisianos são importadas pela Saca Rolhas Vinhos Finos, de Curitiba, e apresentados na carta da Gusta Bar Café e Gastronomia (R. Desermbargador do Vale, 1.090, na Pompeia), comandada com inteligência pelo espanhol Fernando Lancho. DC 3 de fev/2012

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