terça-feira, 1 de maio de 2012

A volta triunfal dos pingüinos

Houve época em que o "pingüino", uma jarra destinada ao vinho tinto da casa, era presença obrigatória, principalmente no típico "bodegón porteño". Pois esse pichet dos argentinos está de volta não só em bairros populares de Buenos Aires, onde nasceram, como também invadiram bares da moda e restaurantes de Palermo Hollywood e Palermo Soho. Em Palermo Viejo, um batalhão de "pingüinos", no mais clássico desenho portenho, está de prontidão na cultuada loja Calma Chicha, em prateleiras ao lado de outras peças de design. Nas mesas, entretanto, é preciso estar atento ao conteúdo das jarras coloridas, de vidro ou porcelana, para que a celebração do vinho argentino de qualidade seja completa. Esse parece ser o desejo do jornalista argentino Damián Weizman, especialista em vinhos do Diário Los Andes e um dos grandes entusiastas da volta desse objeto que é uma verdadeira instituição portenha. No site de Los Andes, Damián brinca: esse pinguim não é K (pingüino era um dos apelidos de Néstor Kirchner). Acrescento: e nada tem a ver com a campanha pessoal de Cristina Kirchner, atual ocupante da Presidência de La Nación, que tem retratos seus colados a cada ponto de ônibus da capital. O movimento dos "pingüinos", não orquestrado, embalado informalmente pelos amantes do vinho argentino, acaba entretanto sintonizado com as várias campanhas oficiais de valorização do vinho do país, a começar pelo difundido slogan: "El vino nos une". O mote esteve estampado até a semana passada nos cartazes que promoveram a 10ª Festa da Colheita de Mendoza, um evento já tradicional, com calendário artístico de mão cheia, que tem sua apoteose no palco plantado nas barbas do Aeroporto Internacional de Mendoza. Em 2000, graças à iniciativa do Fondo Vitivinícola Mendoza, um vinhedo de 3 hectares da uva Malbec passou a ser cuidado na área do aeroporto, como um portal de boas-vindas aos apreciadores do vinho mendocino. O palco é cercado pelas videiras. Artista da festa, o vinhedo também é iluminado pelos holofotes. A partir de 2005, um vinho da "uva aeroportuária" começou a ser engarrafado com o rótulo Destino, mais uma peça em nome do vinho argentino. Os comandantes dos voos que ali chegam não errariam ao anunciar: "senhores passageiros, estamos pousando no vinhedo do Aeroporto Francisco Gabrielle, de Mendoza.

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