terça-feira, 1 de maio de 2012

O livro da vida de um colecionador

Michel-Jack Chasseuil ainda não conseguiu o famoso Sauternes Yquem 1847 para sua coleção. Mas não pensa em desistir. Desde que começou a construir sua adega, em 1985, com o objetivo de reunir exemplares de todas as grandes safras de vinhos da França e os melhores vinhos de todo mundo, Chasseuil sabe que sua missão é como um sacerdócio. Com caixas de Pomerol Feytit-Clinet, da propriedade que tem o nome do filho, Jérémy Chasseuil, ele zanza pelos chateaux da França em busca de trocas. E vai a leilões de olho em barganhas. Ex-funcionário da indústria aeronáutica Dassault, ex-colecionador de selos, diz não ter fortunas, depende às vezes de sorte para conseguir as as preciosas garrafas indicadas em bons livros e pelos amigos, especialmente pelo escritor-enólogo inglês Hugh Johnson e o especialista Michael Broadbent, durante anos à frente dos leilões da Christie's de Londres. As garrafas que consegue vão para a "mais bela adega do mundo" em La Chapelle-Bâton, pequeno vilarejo perto de Deux-Sèvres. "Meu Porto Noval Nacional de 1931 é talvez a única garrafa remanescente do mundo, em perfeito estado de conservação. Não a troco nem pela Monalisa", diz Chasseuil em seu livro 100 Garrafas Extraordinárias da Mais Bela Adega do Mundo (Editora Gaia e Editora Boccato/ 2010), que reúne histórias das conquistas de seus mais importantes e curiosos rótulos, de safras que vão de 1735 a 2005. Brilham em sua adega um conhaque Napoléon de 1805, exibido em companhia de duas cartas assinadas pelo imperador. Mas há vinhos modernos, como o Screaming Eagle 1997, um vinho cult do Vale do Napa, cuja produção não passa de 1.200 garrafas anuais, que recebeu a nota 100/100 do crítico Robert Parker. O colecionador também exibe um Marsala de1830 e um Madeira da safra de 1870, ambos ainda bons para consumo. "Quando já não estão bons, viram relíquias", diz, agendando degustações com o filho Jérémy (enólogo formado em Bordeaux) e o neto, para quando fiizer 90 anos. Para elogiar seu Borgonha La Tache 1971, Grand Cru, o colecionador escreve: "um nariz sublime, uma boca de cetim, um dos mais suntuosos vinhos do planeta deve ser guardado para grandes ocasiões. Peru com castanhas e pato Auguste Escoffier deveriam acompanhá-lo em uma marcha triunfal". Destaque do livro e da adega, o Montrachet Ramonet 1979 é saudado como o melhor vinho branco seco do mundo".

Nenhum comentário: