segunda-feira, 20 de abril de 2009

Milhões de fantasmas

Não é de hoje que o fantasma chinês assombra o mundo do vinho. O jornalista Mike Steinberg, num post na Slate on-line, lembra que durante a "bolha da Internet", um empreendedor chinês do setor, baseado em Xangai, causou furor ao arrematar por US$ 500 mil 6 magnuns do Screaming Eagle 1992 – um Cabernet Sauvignon dos mais respeitados do Vale do Napa, Califórnia. Era o primeiro sinal de uma febre que não baixa. Hoje, um quatro dos vinhos leiloados no mundo estão em coleções de magnatas em Hong Kong. E cerca de 40% das garrafas finas (Bordeaux, Borgonha) dos negociantes ingleses acabam na China. Esse requinte, entretanto, ainda está restrito a yuppies e executivos estrangeiros. Há uma grande muralha cultural a ser vencida: os chineses não gostam do vinho seco ao estilo ocidental, acostumados com a ancestral mistura de frutas que garante apreciada doçura. Então o fantasma de muitos zeros e bocas é manso? Analistas acreditam que os preços dos vinhos franceses já estão sob pressão. Mas os chineses ainda não podem sugar todo vinho fino produzido no mundo. Além disso, não conseguirão a curto prazo invadir com vinho outras praças como fazem com suas bugigangas. A China tem 453 mil ha de vinhedos, mas apenas 10% das uvas são para vinho. As vinícolas têm dificuldade de suprimento: os vinhedos são familiares, plantados depois de 1949, sob inspiração de Mao – era a estratégia do líder para que os grãos deixassem de ser carreados aos destilados e virassem comida. Assim, o quesito qualidade ainda é um sonho, só conseguido por meia dúzia das 450 vinícolas em operação no país, entre elas Great Wall, Dragon Seal, Changyu, Huadong e Grace Vineyard. Estas não só manejam vinhedos próprios, mas já contam com investimentos e tecnologias de fora.

http://www.grapewallofchina.com/

DC/nov/2008

Nenhum comentário: