segunda-feira, 20 de abril de 2009

Fogo e vinho de Natal

Cedric Dickens, bisneto do escritor Charles Dickens, costumava dizer que os personagens delineados pelo bisavô não eram somente entes da imaginação e dos livros. Gostava de lembrar que certa vez ao tomar um táxi em Londres viu que na direção estava Tony Weller, o memorável cocheiro de Pickwick. Os bêbados e os sábios bebedores de Dickens também podem ser facilmente encontrados nas esquinas, nas inebriantes tavernas e nas boas mesas de todo mundo. Maypole Hugh, da turma de Barnaby Rudge, tinha fama de ser capaz de beber um Tâmisa inteiro. Já Mr. Pickwick bebia por prazer, com moderação, como o próprio Dickens pregava na vida pessoal. Ficaram célebres os coquetéis apreciados pela coleção de tipos dickensianos, entre eles o Ponche de Natal, mistura de rum, limão e açúcar, servido quente em taças de Claret, ao pé das lareiras. O Natal de Dickens, com as famílias reunidas e aquecidas pelo fogo e pelo poder congregador das bebidas, é imagem universal. Em 1832, quando o jovem repórter de 20 anos relatava as discussões travadas na Casa dos Comuns sobre o "gim", os vinhos mais populares na Inglaterra chegavam da Espanha e Portugal. Os franceses eram taxados e ficavam muito caros. Não é à toa que os personagens de Dickens tomam mesmo é Porto e Sherry. Já escritor famoso, tinha na adega em Glads Hill muitos desses mesmos vinhos, alguns muito raros, em gigantesgarrafas Magnum.

DC. dez/2008

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