segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Alforria para os vinhos

O jovem texano ajeita o chapéu e com um rifle em punho assalta uma casa de tacos de Austin. A cena é de ficção, mas não a agressividade de atacadistas do Texas que, lambendo os beiços, chegaram a patrocinar um projeto de lei que igualaria com pena idêntica o crime do cowboy ao de quem ousasse remeter ao estado uma só garrafa de vinho. Era 1999, e o então governador do Texas, George W. Bush, vetou a idéia. Intrincadas disputas movimentam diariamente os bastidores da indústria do vinho dos Estados Unidos. De um lado se alinham mais de 5 mil vinícolas, a maioria de desenho familiar, que produzem mais de 10 mil novos rótulos a cada safra, mas encontram dificuldade em escoá-los. Quinze dos 50 estados americanos ainda hoje proíbem que vinícolas de outras regiões remetam seus vinhos diretamente ao consumidor de seu território: Alabama, Arkansas, Delaware, Kentucky, Maine, Maryland, Massachusetts, Mississippi, Montana, New Jersey, Oklahoma, Pennsylvania, South Dakota, Tennessee, Utah. Os defensores do livre comércio entre vinícolas, consumidores e varejistas (com destaque para as seduções on-line) têm até um mascote: um mal encarado bago de uva, devidamente agrilhoado, que alerta vitivinicultores e apaixonados pelo vinho com o lema Free the Grapes! . Na outra trincheira, movimenta-se a todo-poderosa associação de atacadistas (Wine & Spirit Wholesalers of America), agarrada à colcha de retalhos de leis que lhe garantem o monopólio em alguns estados. Os dez maiores intermediários do vinho controlam cerca de 58% do mercado americano.



http://www.freethegrapes.org/

http://www.wineinstitute.org/initiatives/stateshippinglaws/

DC 22/2/2008

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