segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Parreirais de Itamaracá

Ao observar cachos de uva pendendo no escudo do príncipe Maurício de Nassau (1637-1644), o enófilo Carlos Cabral foi levado à história de parreirais plantados na Ilha de Itamaracá, no período da invasão holandesa em Pernambuco. A heráldica está numa pintura de Frans Post. "As belas e suculentas" uvas podiam ser consumidas in natura, mas eram também processadas para abastecer as cerimônias religiosas da grande colônia de judeus de Recife e Olinda, principalmente o Shabat. A informação, então inédita, é um dos achados do livro Presença do Vinho no Brasil – um pouco de história (Editora de Cultura/2007). O Cabral escritor também faz uma viagem nas caravelas que aqui aportaram com Pedro Álvares Cabral, e remonta o inventário da carga de vinhos e alimentos. Os alentejanos de Pêra Manca, produzidos na região de Évora, foram embarcados e bebidos durante os 42 dias de Atlântico. Por aqui, sabe-se que os índios não gostaram. "Isso porque tinham seu próprio fermentado, o cauim", explica Cabral, que há 23 anos convive com o vinho – hoje é consultor do Grupo Pão de Açúcar. Ele fez pesquisa de campo, consultou documentos originais e organizou informações históricas já conhecidas, construindo um quadro evolutivo da indústria de vinhos no Brasil. Com os navios, na época da colonização, vieram também mudas para que o vinho "para a missa" fosse garantido. O fidalgo Brás Cubas, que integrava a expedição de Martin Afonso de Souza, não só fundou a cidade de Santos, como plantou o primeiro vinhedo com a vitis vinifera. "O clima do litoral não favoreceu a viticultura, mas o insucesso não parece ter abalado o pioneiro, que subiu a serra e no planalto de Piratininga cultivou o primeiro vinhedo produtivo do país "pelos lados do Tatuapé", escreve Carlos Cabral.

http://educaterra.terra.com.br/voltaire/mundo/2004/08/03/000.htm

DC 28/12/2008

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