segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Questão 'hamletiana'

George M. Taber, autor do clássico Julgamento de Paris, acaba de lançar To cork or not to cork (Scribner/2007). O novo livro avança ao front na guerra travada entre defensores e detratores da rolha de cortiça no tamponamento dos vinhos. A questão "hamletiana" do título do livro é respondida pelos principais protagonistas: de vitivinicultores arruinados, que passaram a receber suas garrafas de volta, com vinhos contaminados pelas rolhas, a consumidores exigentes que ainda vibram com a capacidade "mágica" da cortiça em preservar conteúdos de várias décadas. Taber coloca de um lado Américo Amorim, chairman do Grupo Amorim, um conglomerado português que fabrica e distribui três bilhões de rolhas por ano, cerca de um quarto de todas as rolhas manufaturadas no mundo, o que gera um faturamento de 1,5 bilhões de euros. Perfilado do outro lado da arena, Jerome Zech, um ex-executivo da IBM, que, instalado na criativa e tecnológica Seattle, ajudou a construir a SupremeCork. No início dos anos 90, a empresa começou a produzir em escala rolhas de material sintético, anti-TCA, e passou a vencer resistências e a abocanhar vários mercados, abrindo espaço para outras empresas do ramo. A SupremeCork gaba-se de ter quebrado o monopólio representado por Amorim e de colocar a ciência a favor do vinho. Amorim, de seu lado, passou a profissionalizar a corticeira, atendendo a um clamor que vem de longe. Taber destaca certo desleixo atávico dos fabricantes de cortiça portugueses, problema que teria crescido após a Revolução dos Cravos e que degradou muitos vinhos franceses a partir da década de 80.

http://www.supremecorq.com/

http://www.amorim.pt/cor_home.php

DC 14/12/2007

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