segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Safra dos tribunais

Uma bomba caiu na virada do ano sobre o Le Parisien, um dos mais influentes jornais da França. Criado em 1944 como Le Parisien Libéré, o diário que a duras penas "lutou" na Resistência durante a ocupação nazista no final da II Guerra vê hoje sua liberdade mais uma vez ameaçada. Reportagem sobre champanhes (Le Triomphe du Champagne), publicada em dezembro de 2005, foi considerada pela corte peça publicitária de incitação ao consumo de álcool. Os juízes apegaram-se aos títulos dos artigos: "Eles são bons e baratos" ou "O champagne, estrela inconteste das festas". A multa de 5 mil euros foi aplicada porque, naturalmente, o jornal não publicou ao pé do texto a advertência até então obrigatória só para publicidade de bebidas: "L'abus d'alcool est dangereux pour la santé" (O abuso do álcool é prejudicial à saúde). A ação é uma vitória da organização anti-álcool ANPAA (Association Nationale de Prevention em Alcoologie e Addictologie), que recebe polpuda verba oficial. Denis Saverot, editor da revista La Revue du Vin, acusa o governo de desdenhar a cultura do país, onde o vinho tem papel fundamental. À Decanter online, Saverot pergunta aonde vai parar a França, terra da "joie de vivre", após decisões tão draconianas. Em outra ação, também patrocinada pela ANPAA, a casa Moët & Chandon foi condenada a pagar 30 mil euros por uma campanha publicitária de 2006. Nas peças, uma garrafa de champanhe rosé aparece cercada de pétalas de rosas, com o slogan: "La nuit est rose". Na França é proibido associar a idéia de consumo de álcool a uma visão eufórica da vida. A Federação Internacional dos Jornalistas e Escritores do Vinho criou uma petição online contra a grande confusão estabelecida pela corte e pela ANPAA entre jornalismo e propaganda.

http://www.decanter.com/news/173401.html

http://www.fijev.com/

DC 14/2/2008

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