sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Córtex frontal

The Frontal Cortex é o quartel general do jovem escritor e neurocientista americano Jonah Lehrer. É a partir desse blog e de artigos em revistas especializadas que ele desnuda os intrincados mecanismos da percepção humana, da nossa memória e da própria formação e organização do conhecimento. Lehrer não se esquiva de opinar no minado campo da experiência com vinhos, no qual as discussões sobre objetividade e subjetividade são apaixonantes e passionais. As idéias de Lehrer causam certo calafrio entre aqueles que tratam a degustação como um dogma, com a bênção da Ciência e de papilas mais ou menos treinadas. Mas não se trata de negar o quanto as indicações de conhecedores são importantes na educação dos sentidos, dentro de um enredo cognitivo. Plínio, o Velho, na sua Historia Naturalis, já apresentava um ranking de vinhos, "para ajudar nosso senso de discriminação", aponta Gloria Origgi, em Questions of Taste (Signal, Oxford, 2007). Lehrer afirma que a degustação não pode ser tratada como mera soma de "inputs". "Quando degustamos um vinho, não estamos simplesmente degustando um vinho, isso porque o que nós experimentamos não é o que sentimos". Segundo ele, na hora da degustação, os sentidos são interpretados por um cérebro subjetivo, que traz para aquele momento a "biblioteca da memória" inteira. Graduado pela Universidade de Columbia, editor da revista científica Seed e colaborador da Nature, Lehrer levava para o laboratório do Nobel Eric Kandel, onde era um técnico, o livro Em busca do tempo perdido, de Marcel Proust. O que era um recurso para matar o tempo, acabou fascinando o estudante. É que, com a lembrança da sua prosaica madeleine, Proust antecipou idéias sobre a memória que só agora a ciência vem redescobrindo. É sobre artistas "antenas da raça" seus ensaios reunidos em Proust was a Neuroscientist (Houghton Mifflin Books, NY, 2007).

http://scienceblogs.com/cortex/2007/11/the_subjectivity_of_wine.php/

DC 14/12/2007

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