terça-feira, 2 de junho de 2009

A democracia dos blogs

O crescimento do número de blogse sites sobre vinhos é uma novidade que a indústria do setor e consumidores em geral foram obrigados a considerar, principalmente com a entrada em cena de jovens escritores atentos não só à qualidade da informação, mas à velocidade com que elas podem chegar a seu destino. Em recente artigo na inglesa The World of Fine Wine, que tem Hugh Johnson no topo do expediente, Michael Steinberg pergunta: "Sobreviverão os críticos de vinhos profissionais num mundo dominado pela internet, no qual cada um é um crítico"? A agilidade e a informalidade dos blogs são armas imbatíveis se comparadas aos processos editoriais de grandes revistas e pomposos livros. Mesmo as colunas dos jornais são "lentas" comparadas aos blogs. Um vinho recém-lançado às margens do Douro pode ter sua avaliação conhecida por um consumidor inglês instalado na City londrina, poucos minutos após a degustação. Se para isso um blogueiro de vinhos equipado com seu laptop ou celular estiver a postos e, antes disso, tiver sido incluído nas fechadas listas de convidados das degustações. O jovem Jackson Brustolin, editor e crítico do blog QVinho, que acaba de completar dois anos, tem sido ágil na alimentação de seu espaço na net, com apreciações de "vinhos para pessoas normais", como frisa. Com isso quer dizer que foge das garrafas que só alguns encontram e daquelas que, encontradas, não se pode comprar. Mochilas nas costas, os Brustolins da vida são novos personagens nas salas de degustação. E isso incomoda alguns críticos, digamos assim, oficiais. O fato é que há uma grande demanda por informações frescas, sem vícios, pés no chão. E ele corre atrás delas. O QVinho foi pioneiro no Brasil na cobertura de eventos em tempo real e tem ampliado seus canais de informação. No ar, a série On the Road, com impressões sobre vinhos chilenos e argentinos, merece uma visita. O meio blog, em plena ascensão, ganha credibilidade também com o ingresso de escritores experimentados, acredita o consultor californiano Tom Wark, do Fermentation, idealizador de um prêmio para os melhores blogueiros do seu país. O inglês Jamie Goode, PhD em Biologia, por exemplo, abastece o wineanorak com posts sobre a ciência do vinho em linguagem de fácil entendimento. Isaac Asimov, do New York Times , serve o seu The Pour, concorrendo com pelo menos quatro centenas de blogueiros de vinhos hoje em incansável produção nos EUA. É claro que Robert Parker, Steve Tanzer e Jancis Robinson já estão com dois pés na internet. E só há elogios para a Wine Spectator on-line. O próprio Parker acredita que, num futuro próximo, a crítica de vinhos será mesmo via internet. Tanzer disse ao repórter da revista The World of Fine Wine que o grande problema hoje é o "ruído" estabelecido na internet, que embaralha joio e trigo. QVinho é trigo.

www.qvinho.com.br

www.wineanorak.com/score.htm

Diário do Comércio de 29/5/2009

2 comentários:

Jackson Brustolin disse...

Olá Guilherme,

Muito bom mesmo o seu artigo, elogios a parte ao Qvinho (o que nos deixa felizes), você abordou muito bem a situação do poder dos críticos e dessa tendência de pulverização. A agilidade das críticas on-line (blogs, Twitter, Facebook etc) e interação imediata com os consumidores é ago totalmente novo.

Ah, quero ver se no próximo mês leio o seu livro. Parabéns!

Abraço

ROGERIO REBOUÇAS disse...

Boa matéria. On line é isso, ágil como o rádio, profundo como o jornal, ao vivo como a TV e íntimo como se estivesse presente.