quinta-feira, 4 de junho de 2009

Um sueco entre champagnes

Um sueco tecendo loas ao grupo Abba é um acontecimento muito provável, assim como vê-lo em elogios à aquavit ou aos lagostins vermelhos devorados com amigos entre coloridas lanternas, entre agosto e setembro (Kräftfest). E a pazinha-fatia-queijo, então? Uma invenção para o bem da humanidade. Mas um sueco escrevendo livros apaixonados e apaixonantes sobre Champagnes? São mesmo bons vinhos para o smorgardboard, a mesa farta de delícias e muito arenque... Mas não é por aí o mergulho que Richard Juhlin, autor de 4.000 Champagnes (Flammarion, 2004), fez a esse universo da vinicultura francesa. No prefácio do livro, príncipe Alain de Polignac, que durante anos esteve à frente da tradicional vinícola Pommery, em Reims, diz que Juhlin "não fala simplesmente sobre vinho, mas fala a linguagem do vinho (...) com sotaque da Champagne". Estudioso, viajante incansável, invejável "litragem", Juhlin conhece os vinhedos franceses na palma da mão e coloca seu dom de degustador a serviço da bebida. "É como um ator incorporando seu personagem", escreveu Polignac. (O príncipe-enólogo garantiu o estilo da Pommery treinando os controladores da Vranken, a partir de 2002.) Os bons vinhos, especialmente os brancos alemães do Vale do Mosel, foram apresentados a Juhlin ainda na adolescência, ao lado da música clássica e da paixão familiar por Geografia. Mas a visita que fez a Reims, numa de suas férias escolares, foi decisiva para abraçar a causa, inebriado nas adegas de Piper-Heidsieck. O livro com apreciação de 4.000 rótulos, cuidadas fotografias de Pål Allan, um americano de origem escandinava, e comentários atualizados sobre cada uma das casas, veio coroar a carreira de Richard Juhlin, Chevalier de Coteaux de Champagne desde 1997. Outro de seus livros, Champagne, La Grande Dégustation (2001) foi premiado ao descrever a degustação que proclamou a Brillecart-Salmon 1959 o grande Champagne do século XX. Como bom sueco, Juhlin nos brinda com uma simpática relação dos Champagnes servidos entre 1901 e 2003 no banquete anual do Prêmio Nobel – 300 garrafas abertas para seletos 1.100 convidados. Juhlin escreve que a lista reflete os "gostos dos dias" de diferentes eras. A Veuve Clicquot, preferência no país durante muitos anos, antes de ser incorporada pela Möet & Chandon, nunca foi servida, ao passo que Louis Roederer tornou-se fornecedor da realeza sueca nos anos 50 e colocou seu Champagne na mesa do Nobel diversas vezes. Nos anos 70, Krug reinou anos seguidos. A Möet esteve 14 vezes à mesa; a Mumm, 10. Mas as borbulhas campeãs são da Pommery, 20 anos brindando excelências.

www.champagneclub.com

www.pommery.com/

Diário do Comércio 4/6/2009

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