quinta-feira, 12 de junho de 2014

Zivjele ! (Saúde!)

Os vinhos croatas começam a despertar para o mundo da mesma maneira que a bela costa do "país de mil ilhas" já atrai visitantes de todo planeta, interessados em rotas turísticas alternativas. Depois do desmantelamento da Iugoslávia e da tumultuada e sangrenta guerra que se seguiu à independência, em 1991, muitos croatas ligados à terra passaram a reconstruir suas vidas e suas vinhas, retomando um elo que existe desde o tempo das tribos ilírias, há 2.200 a.C. Hoje já são 17 mil pequenos viticultores de volta à atividade, em vinhedos que se estendem por quase 24 mil hectares e que abastecem a produção de 800 vinícolas. Por iniciativa dos próprios vinicultores locais, o território croata foi dividido em quatro grandes áreas vinícolas: Dalmácia, Ístria & Kvarner, Terras Altas e Eslavônia & Danúbio (veja mapa acima). Muito da divulgação desses "novos" vinhos, principalmente no mercado americano, se deve entretanto a Cliff Rames, um sommelier de Nova York, de raízes croatas, fundador do site Wines of Croatia. O avô de Rames tinha vinhedos em Murter, na Dalmácia, e vários parentes seus ainda vivem lá. A primeira vez que visitou a terra natal de seu pai foi em 1980, quando tinha 16 anos. "Isso mudou minha vida para sempre", disse Rames ao premiado site americano Wine Library TV, de Gary Vaynerchuk, Em 1989, passou pelos bancos da Universidade de Zagreb e, de 1992 a 1996, em plena guerra, trabalhou em organizações humanitárias e em campos de refugiados na Croácia. Hoje Rames é sommelier no elegante Caudalie Vinotherapie Spa, no Plaza Hotel, além de trabalhar no seu projeto de promoção dos vinhos croatas, que ganham mais apelo quando elaborados a partir de uma das 64 cepas autóctones. A menina dos olhos hoje, em país das frutadas uvas brancas Posip, Debit e Marastina, é a tinta Plavac Mali. As garrafas de Plavac Mali da vinícola Korta Katarina, que podem ser encontradas no Brasil, são produzidas na Dalmácia, bem ao sul do país, que tem à oeste o Mar Adriático, à leste a Bósnia e Herzegovina e, ao sul, Montenegro. A região compreende a turística cidade fortificada de Dubrovnik, Split, Sibenik e Zadar. A Korta Katarina foi fundada pelos americanos Lee e Penny Anderson depois terem passado pelo país no pós- guerra, em missão de reconstruir escolas e infraestrutura. Quem também produz na Dalmácia é o "croata californiano" Mike Grgich, criador do famoso Château Montelena Chardonnay, o vinho americano que desbancou os franceses no histórico Julgamento de Paris. Na Saints Hills Winery, fundada em 2006, o produtor Ernst Tolj produz vinhos tanto com cepas internacionais quanto com variedades autóctones. No caso da Saints Hills, o destaque fica para a participação do famoso consultor Michel Rolland na concepção de seus vinhos. Outras boas garrafas saem da vinícola Zatlan, na ilha de Hvar, com seus brancos límpidos e os Plavac Mali encorpados. Os icewines e outros vinhos da premiada vinícola Bodren contribuem para a boa imagem dos vinhos croatas. Os especialistas destacam ainda os Malvasia, da região de Ístria, os Babic, de Primosten, e o Posip, vinificadao na ilha Korcula. DC de 13/06/2014

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