domingo, 17 de julho de 2011

A biodinâmica de Coulée de Serrant

O cartão de visitas do francês Nicolas Joly, do vinhedo Coulée de Serrant, em Savennières, no Vale do Loire, diz tudo: debaixo do seu nome está impresso "assistente da natureza, não vinicultor". Joly é hoje um dos nomes mais importantes da viniviticultura biodinâmica, aquela inspirada nas lições do filósofo e educador austríaco Rudolf Steiner (1861-1925), que indicam uma nova forma de plantar, holística, que alinha o trabalho da terra com a força da natureza, da lua, das estrelas... A isso se somam técnicas de manejo sustentáveis. Seu livro Vinho do Céu à Terra (Vinum Brasil), publicado primeiramente em 1999, já foi traduzido em nove línguas, inclusive o português, ecoando suas ideias e experiências tanto nas regiões da Alsacia, Borgonha e Rhône, como em vinícolas da Califórnia (EUA). Savennières-Coulée de Serrant é uma da poucas propriedades que constituem elas mesmas uma appellation. Tem pouco mais de 6 hectares plantados principalmente com a Chenin Blanc, a uva de predileção e vocação do Loire. Os primeiros vinhedos foram ali plantados por monges cistercienses, no século XII. O monastério serve hoje de moradia de Joly. De Coulée saíram garrafas elogiadas pela sucessão de reis, de Luís XI a Luís XIV. Parte da história desse vinhedo é relatada com acuidade e fluidez pelo jornalista Robert Camuto em Corkscrewed - Adventures in the New French Wine Country (University of Nebraska Press/2008). Nesse livro, o autor traça um retrato da nova viticultura francesa, muito além dos grandes châteaux. Depois de um MBA na Universidade de Columbia e de atuar como alto executivo em bancos de Nova York e Londres, Joly resolveu tocar a propriedade que o pai havia adquirido nos anos 1960. Da experiência desastrosa, com o uso de herbicidas e muita química, passou em 1979 à agricultura biodinâmica, com uso de adubagem orgânica, de vacas, e manejo da terra com cavalos e arado manual, no lugar de trator. P.S.: A viticultura biodinâmica pode resultar em excelentes e cobiçados vinhos, como é o caso dos produzidos em Coulée de Serrant. O que não quer dizer que todos os biodinâmicos sejam melhores que os elaborados pelos métodos tradicionais.

http://www.coulee-de-serrant.com/

DC de 15/07/2011

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