quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Som na caixa, Dioniso

As plantas gostam de música, têm fé os viticultores da DeMorgenzon, uma das mais antigas vinícolas de Stellenbosch, colônia fundada pelo governador holandês Simon van der Stel, em 1679, na África do Sul, durante a conquista do Cabo da Boa Esperança. A área dos atuais vinhedos fazia parte de uma fazenda, a Uiterwyk, cedida a Dirk Cauchet em 1699. Um ano depois, as primeiras videiras foram plantadas. A terapia de música às vinhas foi implantada recentemente, a partir de 2003, quando a propriedade foi comprada pelo casal Wendy e Hylton Appelbaum. DeMorgenzon, ou "Sol da Manhã", foi assim batizada porque suas fileiras de plantas, graças a altitude e geografia, são as primeiras a serem iluminadas ao amanhecer. Pois os Appelbaum espalharam caixas de som por todo o vinhedo e ininterruptamente o expõe principalmente à música barroca. E por que barroca? É um estilo de precisão harmônica e de muita matemática, justificam. A lista de compositores abriga dezenas de nomes menos ou mais conhecidos, de Johann Sebastian Bach a Domenico Cimarosa, de Luigi Boccherini a Georg Friedirich Handel, de Franz Joseph Hayden a Charles Avison. E, não poderia faltar, Wolfgang Amadeus Mozart (veja relação completa no site da vinícola). Os Appelbaum acreditam que os frutos de suas videiras crescem mais saudáveis e com mais vigor graças à música, e têm comprovado no dia a dia da cultura que há conexões entre som, vibrações e a realidade física de seus vinhedos. A prova final são seus respeitáveis vinhos das uvas Chenin Blanc, Sauvignon Blanc e Shiraz, produzidos, antes de tudo, com impecável respeito ao meio ambiente. Wendy e Hylton têm consciência de que os estudos científicos sobre o intrigante assunto ainda são esparsos. Mas já se apegam a algumas pesquisas realizadas pelo mundo, como a descrita na bíblia do casal The Sound of Music and Plant, livro no qual cientistas de Denver, Colorado, demonstram que, com música, as plantas crescem mais rápido. Falam também da semaphore, uma planta que até responde aos estímulos, dançando com harmonia. Sem contar os efeitos da música – e aí já estamos no terreno das aberrações – nos tomates, gigantes de 2 kg nascidos na França, e das beterrabas inglesas que alcançaram 13 kg, depois de "ouvirem" um belo som. Os estudos japoneses, comandados pelo cientista Masaru Emoto, comprovaram que a música tem efeitos positivos nas moléculas de água. Como o vinho tem 80% de água, outro vinicultor da África do Sul, o norueguês Robert Jorgensen, da vinícola La Vigne resolveu é colocar som na própria adega, para que os vinhos nos barris de carvalho recebam a emanação positiva da música clássica. Para que a música chegue a todos os barris e não se perca no caminho, as músicas são executadas em alto volume, som a mais de 90 decibéis.


www.lavigne.co.za

DC de 17/12/2010

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