segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Bordeaux, segundo ingleses

Os ingleses conhecem bem os vinhos franceses, principalmente os de Bordeaux. O crítico e historiador Hugh Johnson é um dos entusiastas mais respeitados, com obras de referência editadas em várias línguas, como seu inestimável atlas do vinho. É idealizador e consultor também de uma das revistas mais elegantes sobre a matéria, The World of Fine Wines, preciosidade com quatro edições anuais. Agora está às voltas com guias das mais importantes regiões vinícolas do mundo. Depois das obras sobre Champagne e Toscana, acaba de ser lançado The Finest Wines of Bordeaux (Aurum/2010), escrito por James Lawther, que vive na região desde 1995. As imagens são de Jon Wyand, fotógrafo que há mais de 30 anos viaja pelos vinhedos de todo globo. Bordeaux tem 118.900 hectares de vinhedos, 9.100 viticultores, que produzem um total de 640 milhões de garrafas por ano, segundo dados de 2008. Produção que vem caindo e se modificando nos últimos anos. Os rígidos parâmetros da classificação de 1855 estão sendo revistos a cada safra. Para Hugh Johnson, é preciso mostrar esse novo cenário: quem produz hoje os melhores vinhos, em quais distritos e châteaux, com qual tecnologia e, importante, com qual filosofia. James Lawther escreveu que suas escolhas são apenas "um microcosmo de Bordeaux", mas não tem dúvida de que refletem as práticas de vinicultores quem têm cuidado especialmente dos vinhedos, das frutas, mais do que aqueles que investem apenas em tecnologia ou em outra mania da viticultura do século XXI: as adegas em estado de obra de arte. Há nesse guia de Bordeaux, além dos perfis dos châteaux e de seus proprietários, uma introdução histórica que não esquece que Bordeaux já foi inglesa – de 1152, ano do casamento do futuro rei Henrique II com Eleonor da Aquitânia, até 1453, quando o rei francês Charles VII venceu John Talbot, comandante do exército inglês. Foram nesses séculos que o claret conquistou os ingleses. O vinho era presença marcante nas águas do Canal da Mancha e, diferentemente de hoje, tinha de ser consumido rapidamente.

DC de 15/10/2010

Nenhum comentário: