sexta-feira, 14 de maio de 2010

Os assírios em festa

Dioniso, deus do vinho, na sua viagem de propagação da videira, da Ásia para a Grécia, teria feito um muxoxo depois de passar pela Mesopotâmia: "Terra de bebedores de cerveja!" A mitologia grega também soube ser engraçada. Como os egípcios, os assírios tinham na cerveja sua bebida popular, mas o vinho marcou presença, principalmente entre os nobres. Para reinaugurar a sua capital Nimrud, o rei Ashurnasirpal II (883-859 a.C.) convidou quase 70 mil pessoas para uma festa de 10 dias. A ordem era impressionar, principalmente "embaixadores". Uma estela encontrada nas ruínas do que sobrou de Nimrud registra o tamanho do banquete. Só de bebidas: dez mil odres de vinho e dez mil jarros de cerveja. Séculos mais tarde, o rei Ashurbanipal (668-627 a C) pôde colher uvas plantadas pelos ancestrais e manteve a tradição da boa bebida. Vinho não faltava em seu luxuoso palácio em Níneve, perto do rio Tigre, norte do atual Iraque. No painel abaixo, hoje no Museu Britânico, Ashurbanipal e a mulher aparecem degustando vinho sob uma videira. O rei aparece reclinado, pose vista e celebrada posteriormente no symposium dos gregos e no convivium dos romanos. Com uma diferença: ele não dividia a ocasião com um grupo de homens, como faziam os filósofos gregos. Os que aparecem no friso são "abanadores" reais e estão ali apenas para garantir que nenhum inseto atrapalhe a conversa a dois. Os assírios não eram bonzinhos, não. Dependurada numa árvore ao lado da bucólica cena, à esquerda no painel, aparece o troféu de guerra: a cabeça decapitada do inimigo rei Teumman.

DC de 14/05/2010

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