segunda-feira, 27 de julho de 2009

Enotipofilia australiana

"Enotipofilia" é uma invenção da bibliotecária Valmai Hankel, que durante anos cuidou dos livros raros da State Library of South Australia. Ela diz que o termo pode ser usado para tratar do amor de alguém, na mesma dose, por vinhos e tipografia (certamente se esqueceu por um minuto de seus cavalos árabes). Diria que o cunhou em causa própria, para definir a própria obsessão, ela que aprecia o formato das letras, capas e ilustrações dos livros tanto quanto o corpo, o aroma e a cor dos vinhos. Mesmo depois de aposentada, em 2001, integrou a equipe que implantou um site da biblioteca (Wine Literature of the World) dedicado especialmente à coleção de documentos e livros sobre vinho e viticultura – museu virtual que merece uma visita. Entre os principais papéis até agora digitalizados, um raro manuscrito alemão de mil anos define punições ("pão e água") a monges beberrões. Foi escrito por Buchard de Worms, em latim, com tipos carolíngeos. Uma miniatura colorida, retratando o tempo de espremer as uvas, é de um Livro de Horas, editada entre as orações (Paris, 1490). Outra preciosidade é o álbum da Festa dos Vignerons da suíça Vevey (Paris, 1889). A cidade sempre celebrava com marchas e fantasias (o álbum é todo de ilustrações) a Chasselas, uva local para seu branco robusto. Já em Ampélographie française, de Victor Rendu (Paris, 1857), o charme são os desenhos das mais tradicionais cepas. Valmai acredita que antigos livros sobre vinhos ainda têm muito a dizer. Não à toa mantém uma coluna sobre a história do vinho na Winestate e escreve a coluna "Oenotypophily" para The Australian and New Zealand Wine Industry Journal. É também crítica da The Adelaide Review há mais de 15 anos, especializada no vinho local que a conquistou a partir dos anos 50, quando tomou uma taça de tinto Coonowara, servida pelo futuro marido.

http://www.winelit.slsa.sa.gov.au/

DC de 24/07/2009

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