quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Goats X Côtes, a batalha

Produtores franceses não acharam nenhuma graça quando Charles Back, um viticultor sul-africano da região do Cabo, colocou no mercado um blend ao estilo do Rhône , não sem uma "orgulhosa" pitada da Pinotage local. O problema nem era o bom vinho com variedades francesas e sim seu nome de batismo. Pois acima de uma vistosa cabra, o rótulo amarelo trazia: Goats do Roam. Foi preciso informar aos desavisados que o jogo de palavras, que lembra Côte du Rhône, foi inspirado nos mais famosos moradores da sua propriedade: cabras suíças que fornecem até hoje o leite de seus trinta exclusivos e premiados queijos – habitantes de Fairview, uma fazenda que existe desde 1693. Consta que um grupo dessas imponentes cabras perambulava pelas terras justamente quando Charles Back teve a idéia de criar, em 1999, esse seu primeiro rótulo com as varietais do Rhône. E o bom-humor prevaleceu. Em 2004 o governo francês bateu o pé, enviou carta reclamando que Goats do Roam causava confusão no mercado e era um grande insulto à apellation Côtes du Rhône. A história é contada por Tanya Scholes em The Art and Design of Contemporary Wine Labels (Santa Monica Press/ 2010). A batalha, entretanto, foi ganha pelas cabras. Ou melhor, por Back e companheiros com máscaras dos animais, depois de um divertido protesto em frente do consulado francês na África do Sul. Levaram três litros do polêmico vinho, uma seleção de queijos e uma sacola de esterco, para "fertilizar" as relações entre as partes. Os franceses nunca mais voltaram ao assunto. Depois de Goats on Roam vieram outros blends com variedades como Syrah (a Shiraz do Novo Mundo), Cinsaut, Carignan e Mourvèdre. E Back passou a comprar vinhedos em "enclaves de excelência", como Paarl e Malmesbury, para além das terras das cabras. Nasceram também filhotes da provocação inicial: Goat-Rotí e Bored Doe, que soa como Bordeaux. Já a marca foi recentemente redesenhada (no alto), com um ícone de uma cabra "mesopotâmica"


http://goatsdoroam.com/


DC de 18/02/2011

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