sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Pinotage, como um Sol

Sheila Hlanjwa, à frente da vinícola Lathithá, é uma das grandes garotas-propaganda da uva Pinotage. Xhosa como Mandela, e orgulhosa dessa condição, Sheila é mais do que uma vinicultora sul-africana atenta à colheita e à preparação do seu vinho Pinotage, a cepa da sua terra. Ela mesma desenhou o rótulo para seu produto. Na verdade, a alegre Sheila é exemplo do sucesso de alguns projetos de inclusão social dos negros do país, até então personagens de uma conhecida história de marginalização. A política local conhecida como Black Economic Empowerment também alcançou a indústria do vinho. Em parceria com o governo, têm estimulado a participação de negros em postos-chave de vinícolas na região do Cabo. A meta da South African Wine Industry Trust (Sawit), organização que comanda essa política, é aumentar a participação dos negros, de 1%, em 2004, para 25%, em 2010. A Swit tem adquirido propriedades e vinhedos na região mais nobre do país e patrocina a educação de jovens enólogos negros, na Universidade de Stellenbosch. É emocionante vê-los recuperando a tradição da Pinotage, nascida em 1925, graças ao empenho de Abraham Izak Perold (1880-1941), grande professor de Enologia de Stellenbosch. Um ano antes ele fertilizara flores de Cinsaut com pólem de Pinot Noir. Nascia a Pinotage. No final dos anos 90, a cepa sul-africana corria o risco de extinção, conta o enólogo e escritor Peter F. May, grande entusiasta da uva Pinotage, em seu mais recente livro Pinotage - Behind the legends of South Africa's Own Wine (Inform& Enlighten/2009). De 1997, época em que May fundou The Pinotage Club, para reunir os amantes dessa cepa, a Pinotage representava somente 2% do total de vinhedos do país. Hoje essa porcentagem subiu para 6%, segundo o escritor, sem contar vinhedos espalhados pelo mundo, da California ao Brasil e Israel. Símbolo dessa retomada de preservação da cepa local é o novo vinhedo de Pinotage, cerca de mil mudas, plantadas em outubro de 2008 em 35 hectares em Mostertsdrift, campo avançado de pesquisa da Universidade de Stellenbosch. May escreve que o plantio das mudas foi feito de maneira radial, o que possibilitará estudos sobre o papel da incidência do sol. A Lathithá de Sheila também tem a ver com sol e renascimento. Lathithá significa aurora, em Xhosa.

http://pinotageclub.blogspot.com/

http://www.pinotage.co.za/

Diário do Comércio de 2/10/2009

Um comentário:

Peter F May disse...

Hi

Thanks for the mention. ALthough I can't understand much of what you wrote :)