sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Herdades de Évora

É notável que uma fundação cultural alcance seus objetivos de educação e promoção social a partir de bons vinhos e azeites. Essa a receita da Fundação Eugénio de Almeida, com sede em Évora, Portugal, desde a sua criação, em 1963. O agrônomo Vasco Maria Eugénio de Almeida, conde de Vilalva, dono de grande fortuna, instituiu a Fundação em bases humanistas, preocupado com a gente de sua terra. Para investir em educação, no mecenato às artes, na dedicada restauração do patrimônio histórico e arquitetônico, tinha como trunfo um negócio agropecuário rentável, baseado antes de tudo na tradição vitivinícola local. As videiras, de castas tipicamente alentejanas (Tinta Caiada, Aragonês e Trincadeira, para os tintos; Roupeiro, Antão Vaz e Arinto, para os brancos), são cultivadas hoje em 300 hectares, nas herdades de Pinheiros, Casito, Álamo da Horta e Quinta de Valbom. As uvas são processadas na Adega da Cartuxa, que funciona no mesmo local onde, no século XVI, a Companhia de Jesus mantinha uma casa de repouso. Perto dali está o convento da Ordem Cartusiana, projeto abençoado pelo papa Gregório XIII, que sobreviveu à Guerra da Restauração, incêndios e à expulsão de seus moradores pelo marquês de Pombal. Em 1869, o imóvel foi comprado pelo bisavô de Vasco Eugénio de Almeida. Quase cem anos depois, o empreendedor deu nova vida ao convento. Uma reforma completa trouxe de volta até frades cartuxos. É nas caves desse convento que se dá o "acabamento final" a garrafas de vinhos DOC como Pêra-Manca, Cartuxa, Foral de Évora, Cerca Nova e EA. Os vinhedos de Pêra-Manca datam dos séculos XV e XVI. A marca passou da Casa Soares para a Fundação em 1987. E nunca mais deixou de ser sucesso.

http://www.fea-evora.com.pt/

http://www.cartuxa.pt/

DC 5/10/2007

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