terça-feira, 24 de março de 2020

Armênia: um mocassin e uma 'fábrica de vinhos'


    Um mocassin de couro de 5.500 anos foi descoberto numa caverna na Armênia, em 2007, atestando uma moda ancestral. Poucos anos depois, os arqueólogos anunciaram o achado de uma prensa e um tanque de fermentação ainda mais velhos, de 6.100 anos, principais peças da mais antiga “fábrica” de vinhos já estudada. Estavam perto da vila de Areni, em território da atual Armênia. A descoberta foi anunciada pelo arqueólogo Gregory Areshian, da Universidade da Califórnia, que liderou os trabalhos ao lado do armênio Boris Gasparyan.
     Para o arqueólogo biomolecular Patrick E. McGovern, a sofisticação desses achados da Idade do Cobre sugere que a tecnologia de produção de vinho começou provavelmente muito antes desse período. Desde 2007 eles estavam debruçados sobre esses tesouros, incluindo “taças”, vasilhas de armazenagem, odres, galhos secos, sementes, além do mais antigo mocassin. As escavações foram finalizadas em setembro de 2010.
     Areshian acredita que a viticultura pré-histórica de Areni estava vinculada a ritos fúnebres, uma vez que as instalações foram encontradas no terreno de um cemitério. Em estudo publicado no Journal of Archaeological Science, Areshian explica que esses homens espremiam as uvas com os pés (técnica não de todo abandonada). O sumo era posteriormente drenado para um tanque de fermentação. O vinho era então armazenado em jarros de argila. As condições da caverna, fria e seca, garantiam ao acaso a boa preservação da bebida. A datação dos resíduos foi feita com a utilização da tecnologia do radiocarbono e as análises mostraram ainda a presença de malvidin, um pigmento vegetal responsável pela cor vermelha do vinho.
     McGovern disse à revista National Geographic que a comprovação da especialidade da “fábrica” encontrada em Areni também se deu por meio do ácido tartárico, este sim marcador preciso da presença das uvas. Os resíduos detectados de malvidin são computados por ele a frutas locais, como a romã. Em diversos sítios arqueológicos em Israel e outras regiões do Oriente Médio e Mediterrâneo, com datações mais recentes, também há indícios de que a produção de vinho se deu em instalações semelhantes, muitas delas escavadas na rocha.

                                        

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