Intencional ou não, esse batismo tem grande simbolismo, marcando um momento importante da história do vinho. Em seu caminho de Ur para Israel, o patriarca Abraão encontrou-se com Melquizedeque, rei de Salem (de Jerusalém), na cidade de Shaveh. Foi quando Melquizedeque lhe serviu pão e vinho dos vinhedos locais. Duas culturas, a canaanita e a hebreia, desafiando padrões de animosidade, se encontravam pela primeira vez diante do vinho, em paz. Abraão vinha da terra da cerveja, da Mesopotâmia transbordante dos rios Tigre e Eufrates, e o vinho de Canaã, com todo seu peso cultural, pode ter sido um ponto de inflexão.
Nomes e tamanhos das garrafas
Melquizedeque --- 30 litros, 40 garrafas (de 700 ml)
Primat -------------- 27 litros, 36 garrafas
Sovereign ---------- 25 litros, 33,3 garrafas
Salomão ------------ 20 litros, 28 garrafas
Melchior ----------- 18 litros, 24 garrafas
Nabucodonosor ---15 litros, 20 garrafas (Champagne)
Baltasar ------------ 12 litros, 16 garrafas (Champagne)
Salmanazar -------- 9 litros, 12 garrafas
Matusalém --------- 6 litros, 8 garrafas (Borgonha)
Impériale ------------ 6 litros, 8 garrafas (Champagne)
Rehoboam --------- 4,5 litros, 6 garrafas
Jeroboam ---------- 3 litros, 4 garrafas (Bordeaux)
Double Magnum - 3 litros, 4 garrafas (Borgonha e Champagne)
Marie-Jeanne ----- 2,25 litros, 3 garrafas (Champagne)
Magnum ----------- 1,5 litros, 2 garrafas
Standard ----------- 750 ml, 1 garrafa
Demi ou Split ----- 375 ml, meia-garrafa
Piccolo ------------- 187 ml, um quarto de garrafa
O aprofundamento histórico sobre os nomes dessas garrafas tem tudo a ver com a própria formação de um dos autores. Randall Heskett é professor universitário e um biblical scholar com formação em Velho Testamento pela Universidade de Yale e Universidade de Toronto. Ex-importador de vinhos, escreveu diversos livros e artigos, incluindo Reading the Book of Isaiah: Destruction and Lament in the Holy Cities (Palgrave Macmillan/2011).
Segundo Tom Stevenson, respeitado autor de The World Encyclopedia of Champagne and Other Sparkling Wines (Wine Appreciation Guild/ 2003), a mais antiga garrafa com nome bíblico é a Jeroboam, usada em Bordeaux pelo menos desde o século XVIII. As demais, com capacidades que ultrapassam 1,5 l ( Magnum), foram nomeadas a partir dos anos 1920.
Jeroboam foi o primeiro rei de Israel (922-901 a.C.), depois do sucesso da revolta das dez tribos do norte contra Rehoboam (o da garrafa de 4,5 litros), que resultou num reino dividido, Rehoboam à frente de Judá. Os autores conjecturam que a escolha de Jeroboam tenha ocorrido porque um dos seus vícios era, talvez, beber demais. Há também a possibilidade de tudo não passar de puro marketing,
tática que os produtores de Champagne conhecem muito bem.
Os pilotos da Fórmula I costumam subir ao podium ostentando garrafas Jeroboam, com 3 litros de Champagne (double Magnum). Sempre foi Champagne. Mas depois de 15 anos como símbolo da premiação da F-1, a vinícola G H Mumm perdeu o lugar no contrato para a australiana Chandon, submarca da Moët & Chandon. E como Champagne é só o vinho de Champagne...
Nenhum comentário:
Postar um comentário