sexta-feira, 18 de março de 2011

Vinhos têm alma?

Uma borboleta azul sobre brilhantes cristais. A flor de cinco pétalas de um hibisco, dois beija-flores psicodélicos em pleno voo... As fotografias da cientista americana Sondra Barrett, com flagrantes da "alma dos vinhos", ganharam nos EUA status de arte, foram parar em galerias, camisetas, viraram cartões postais e agora estão perpetuadas no livro Wine's Hidden Beauty (Mystic Molecules Media/2009). Essas imagens multicoloridas de moléculas de vinhos já deram margem para que Sondra, PhD em bioquímica pela Medical School da Universidade da Califórnia, fosse incensada como uma espécie de musa New Age das vinícolas da sua região. Não há como negar a onda mística que a leva a pregar para agricultores da agricultura biodinâmica, atentos às vozes da Natureza. Os momentos do vinho que captura seriam também mensagens. Para os céticos, sussurros. Mas é inegável que o mergulho que a pesquisadora-fotógrafa faz em gotículas dos mais variados tipos de vinho, equipada com microscópios de última geração, pode ampliar nossa percepção desse universo, com suas intrincáveis variáveis. O apelo estético nessas obras vivas do acaso ainda se sobrepõe ao que nelas existe de informação científica a ser decifrada. Mas o que há de errado se elas forem apenas motivos para contemplação. O sonho de Sondra é ampliar a biblioteca de imagens, montagem que começou solenemente com um Inglenook Cabernet Sauvignon Reserve Cask 1941 do Vale do Napa. Quer agora ampliar o leque de "modelos" a fotografar: tintos e brancos, da França e da Itália, de vales e colinas, deste vinhedo e daquelas parreiras vizinhas, de cepas clássicas e outras menos conhecidas, autóctones, frutos tanto se safras excepcionais como daquelas nem tanto. Só assim será possível estabelecer padrões para comparações menos aleatórias. Alguns nexos entre formas e principalmente a idade das amostras começam a se descritos. Conforme o vinho vai envelhecendo, as estruturas moleculares passam a ficar cada vez maiores e mais complexas, escreveu Sondra, na revista inglesa The World of Fine Wine. Em geral, do ponto de vista químico, os ácidos aparecem em formatos angulares. Apresentado pois à imagem de um delgado e espinhento cacto podemos é estar diante de taninos de um grand cru Grands Echézeaux (Domaine de La Romanée-Conti) de quatro anos.

www.sondrabarrett.com/sitebuildercontent/sitebuilderfiles/abbreviatedwhb.pdf
www.WinesHiddenBeauty.com


DC de 18/3/2011

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