sexta-feira, 14 de setembro de 2007

As pedras de Randall Grahm

Cabelo comprido amarrado em desleixado rabo de cavalo, sorriso sempre no rosto, Randall Grahm é dono da Bonny Doon Vineyards, nas Montanhas de Santa Cruz, Califórnia. É um rhône ranger, como foram batizados os americanos que cultivam à francesa as cepas clássicas do Vale do Rhône. Com visão humanista, cativa produtores e cientistas ao fazer sempre uma apaixonada defesa da biodinâmica como ferramenta para a compreensão de cada terroir. De maneira bem simplificada, vinhos de terroir expressam características de paladar influenciadas por solo e microclima existentes tão somente em determinado vinhedo. Não à toa, um ensaio por ele assinado, The Phenomenology of Terroir: a Meditation, está disponível no site da Appellation America, entidade ligada à indústria do vinho dos Estados Unidos que tem como missão contribuir para o que chama de "appellation-ization" do vinho do país. Ou seja, trabalha para mostrar que o conceito de terroir já integra a prática de muitos produtores de vinhos finos dos EUA. Nas palavras de Grahm (e é preciso deixar claro que falar em terroir é entrar num campo fértil de controvérsias), terroir é também a qualidade encontrada em certos vinhos especiais, que transcendem estética e estilo pessoais do produtor. "Uma impressão digital única", diz Grahm. Sabendo que ele é um fã dos toques minerais nos vinhos, temos somente de desculpá-lo por uma experiência maluca, realizada na sua vinícola. Para arrepio dos cientistas e produtores tradicionais, Grahm foi mais do que literal ao tentar dar mineralidade a seu vinho: moeu pedras do seu terreno e as acrescentou à bebida em fermentação. Conseguiu, sim, alguns resultados com a infusão ingênua, mas arrumou confusão com as autoridades sanitárias, já que esse vinho supermineralizado apresentou elevados níveis de níquel.

http://wine.appellationamerica.com/wine-review/136/Randall-Grahm-on-Terroir.html

http://www.rhonerangers.org/

DC 14/9/2007

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