domingo, 8 de dezembro de 2013

Spätburgunder, a Pinot que fala alemão.

A Spätburgunder, sonoro nome da Pinot Noir na Alemanha, tem sido, nos últimos dez anos, a segunda grande força da viticultura de um país acostumado aos elogios por seus inconfundíveis vinhos da uva Riesling. Os números não mentem: a Alemanha continua a ser o maior produtor da Riesling, com 22.601 hectares de vinhedos, o que corresponde a 62,5% do total mundial. Variedade que produz excelentes vinhos e uma enxurrada de adjetivos. O Riesling é gracioso, fresco, cristalino, puro, refrescante, delicado, balanceado, frutado, mas também mineral. Os apreciadores desse vinho branco sabem muito bem disso tudo. Já sobre a Spätburgunder sabem menos, apesar de a cepa estar muito bem na classificação. A Alemanha já é o terceiro maior produtor da Pinot Noir, ficando atrás no ranking somente para a França e os Estados Unidos. São 79 mil hectares - 14,3% da área plantada em todo mundo. Em 1980, a Alemanha tinha somente 3,8% de vinhedos com a Pinot. Em 2008, essa porcentagem batia em 11,5%. Também estão em ascensão os vinhos alemães das uvas Silvaner, Weissbutgunder (Pinot Blanc) e Grauburgunder (Pinot Gris). A Spätburgunder é cultivada em território alemão desde o século XIII. Os mesmos monges cistercienses que a plantavam na Borgonha, também cuidavam da cepa ao longo do Reno. Por que então a Spätburgunder nunca foi mencionada com a mesma reverência da Pinot da Borgonha? É que, enquanto a Pinot Noir está perfeitamente casada ao terroir da Côte D'Or, na França, a Spätburgunder precisa lutar para amadurecer no clima mais frio da Alemanha, explica Eric Asimov, crítico do New York Times. Isso faz com que esse tinto alemão tenha seu charme, mas não a complexidade do vinho francês de mesma cepa. O que se assiste agora é à recuperação da antiga tradição, com os vitiicultores aproveitando a elevação das temperaturas no país. Os dois maiores nomes da Pinot hoje na Alemanha, segundo Asimov, são Klaus-Peter Keller, da Vinícola Keller, e Caroline Diel, da Schlossgut. A maioria de seus vinhos é composta de brancos, mas os tintos já estão em evidência em bons restaurantes de Nova York. "A mais elegante uva que temoos na Alemanha é a Riesling; a Pinot Noir é sua irmã", confessou Keller em entrevista a Asimov. Outros produtores de Spätburgunder de qualidade são August Kesseler, do Reinghau, e J.J. Adeneuuer, de Ahr. Nas famosas encostas do Mosel, uma das regiões da rainha Riesling, desde 1986 há vinhedos com Spätburgunder. Um deles, de grande qualidade, está integrado à Graacher Himmelreich, vinícola de Markus Molitor. A história da viticultura da Alemanha nasceu no Mosel, com os romanos, nos primeiros séculos da nossa era. Com historiadores e arqueólogos que os mandatários de Roma tiveram de plantar seus vinhedos na região de Trier , a chamada Roma Seconda, para aplacar a sede de milhares de sedentos legionários. DC de 6/12/2013

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