quarta-feira, 4 de julho de 2012

Celebrada carga do Westmorland

O Museu Asmolean, em Oxford, organizou na última quarta-feira (27/6) uma degustação de queijo parmesão com vinhos italianos – apenas um dos eventos paralelos da exposição The English Prize: the Capture of the Westmorland . O que tem uma coisa a ver com a outra? É que a exposição traz à cena toda a carga que o navio mercante inglês Westmorland carregava quando, em janeiro de 1779, foi capturado por dois navios de guerra franceses, na rota Livorno-Londres.O Westmorland foi conduzido ao porto de Málaga e lá foram revelados tonéis de anchovas, azeitonas, alcaparras, mais biscoitos, tecidos, vinhos (entre eles, Madeira) e 37 magníficas "rodas" de Parmigiano-Reggiano. Além desses alimentos, o navio levava 50 engradados com pinturas, gravuras, aquarelas, esculturas, mapas e uma verdadeira biblioteca, toda bagagem "de recordação" pertencente a jovens ricos e da nobreza inglesa acumulada durante um "Grand Tour" de estudos pela França e Itália.Um desses jovens tinha despachado uma coleção de gravuras do mestre Piranesi. A exposição, na verdade, ilustra essa prática de formação. A carga tinha sumido de vista, mas havia uma pista: o maior lote fora vendido, em 1784, para o rei Carlos III da Espanha e este o integrou à coleção real, tudo devidamente registrado. No final dos anos 1990, pesquisadores acabaram o rastreamento da carga – o famoso quadro "A Libertação de Andrômeda por Perseu", de Anton Mengs, por exemplo, estava em São Petersburgo. Já os perecíveis queijos, destes que são produzidos com capricho no vale do Po desde a Idade Média, certamente duraram menos que as obras de arte. E podem muito ter sido apreciados com bons vinhos. Se a captura do Westmorland tivesse sido hoje, os produtores do Parmigiano-Reggiano indicariam desde clássicos Barolo e Brunello de Montalcino a vinhos locais como o DOC Colli de Parma, um honesto Lambrusco ou até vinhos da uva Monica di Sardegna. DC 29/06/2012

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