quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Dionísio em Naxos

Um ditado propagado a partir da Grécia diz que quando alguém bebe vinho, primeiramente canta como um pássaro. Quando bebe mais um pouco, torna-se forte como um leão e está pronto para lutar. E quando bebe mais ainda, exageradamente, age exatamente como um asno. A moral do dito não combina muito bem com Dionísio, mestre dos excessos, mas é ao deus do vinho que se recorre para explicar o ditado, que tem versões semelhantes, com estes ou outros animais, em vários países da Europa. Tudo começa com Dionísio ainda adolescente em sua viagem a ilha de Naxos (por sinal, a preferida do romântico Byron), relata a escritora Patricia Storace em Dinner with Persephone (Random House/1997). No meio do caminho, ao parar para descansar, topa com uma muda que lhe atrai pelas pequenas e belas folhas. Resolve levá-la para plantar em Naxos. Mas o sol está forte e, para proteger a muda, resolve colocá-la dentro do osso de uma ave encontrado na estrada. A planta vai crescendo, o sol não dá trégua, e Dionisio coloca a muda e o osso da ave no buraco do osso de leão. Depois, com as gavinhas já à mostra, o conjunto é acomodado dentro do osso de um asno. Ao chegar a Naxos, não consegue separar as raízes da planta dos três ossos e temendo destruir a planta, que "crescia tão rápido como corre um rio", resolve plantá-la com todas as suas proteções na terra preta da ilha. A muda, uma videira, dá exuberantes frutos em Naxos e dessas uvas Dionísio faz o primeiro vinho.

Diário do Comércio de 9/09/2011

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