segunda-feira, 20 de abril de 2009

França revisitada

Uma nova geração de pequenos vitivinicultores franceses, muitos deles adeptos da biodinâmica, começa a se destacar com seus vinhos também de terroir, alcançando em qualidade muitas garrafas saídas de pomposos châteaux. E ainda: com preços acessíveis a simples mortais. Derradeira chama enológica num país profundamente ligado a seus vinhedos e seus vinhos? Essa é a tese colocada em discussão pelo jornalista Robert V. Camuto em Cork Screwed -Adventures in The New French Wine Country, que acaba de ser lançado pela Universidade de Nebrasca. O exagero parece ser proposital. Vivendo na França desde 2001, o articulista da Wine Spectator e do Washington Post relata seu périplo pelo interior do país à procura de produtores "autênticos", em contraposição àqueles mantidos mercadologicamente à frente das ex-propriedades, mas já distantes das políticas e do caixa dirigidos por conglomerados internacionais. Tem assustado Camuto, que vive na França com a família desde 2001, a desmedida transformação dos vinhos franceses em commodities, disputadas a preço de ouro por novos ricos chineses e russos. (Apesar das muitas mudanças de comportamento, o chinês comum é bem capaz de misturar um Bordeaux com Coca-Cola para adoçá-lo a seu paladar.) Camuto registra ainda que a França vive um período de muitas restrições, como a lei seca ao volante, que acaba acertando alvo errado. Policiais não perdoam nem mesmo motoristas à saída daqueles que já foram sacrossantos almoços dominicais regados a bons tintos.

DC/nov/2008

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